Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, sugerem que cerca de um terço dos casos da doença de Alzheimer em todo o mundo são atribuíveis a fatores de risco modificáveis - o que significa que há uma chance de evitá-los com mudanças de estilo de vida, como parar de fumar, fazer mais exercícios, bem como o combate a doenças como depressão, diabetes, pressão arterial elevada na meia-idade e obesidade.
Os resultados, que serão publicados dia 01 de agosto do The Lancet Neurology, apontam que a doença de Alzheimer acontece por uma complexa interação de genes e estilo de vida.
A equipe revisou estudos anteriores que analisaram os efeitos de sete fatores para os quais há evidências consistentes de uma ligação com a doença de Alzheimer. Estes foram:
- Diabetes
- Pressão arterial elevada (hipertensão) na meia-idade
- Obesidade na meia-idade
- Falta de atividade física
- Tabagismo
- Depressão
- Baixa escolaridade
Os autores estimam que reduzir apenas 10% dos casos de Alzheimer relacionados aos fatores de estilo de vida iria diminuir as taxas da doença em 8,5% até 2050 - o que significa 9 milhões de pessoas a menos desenvolvendo a doença.
Quando os fatores de risco eram tratados como independentes um do outro, os resultados mostravam que 49,9% dos casos de Alzheimer poderiam ser evitados, correspondente a 16,8 milhões de pessoas.
No entanto, após ajustar os fatores de risco que não são independentes - se sobrepõem - a equipe descobriu que apenas 28,2% dos casos de Alzheimer são evitáveis, o que equivale a 9,6 milhões de pessoas.
Os cientistas afirmam que enquanto não há uma única maneira de prevenir a demência, podemos reduzir o nosso risco de desenvolvê-la na velhice. Combater o sedentarismo e reduzir os níveis de obesidade, hipertensão e diabetes são a chave para diminuir a incidência do problema.
Conheça os fatores de risco para Alzheimer
O Alzheimer é uma doença silenciosa, que se revela aos poucos. Mas podemos mapear os principais fatores de risco para a demência: sedentarismo, uso de álcool, depressão, tabagismo, diabetes, hipertensão na meia idade e obesidade.
Em comum, todas essas condições oferecem algum risco à saúde cérebro-vascular. "Fumo, obesidade, hipertensão e diabetes contribuem para o aumento de lesões no cérebro que levam à perda de cognição", afirma o psiquiatra Cássio Bottino, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. As lesões, associadas às dificuldades de conexão entre os neurônios (efeito do aumento da proteína beta-amilóide), dão origem à maioria dos diagnósticos de Alzheimer atualmente. "A demência vascular, ou seja, os problemas que surgem devido ao mau funcionamento do coração já são elementos tão importantes quando o crescimento fora de controle da proteína na descoberta da doença", afirma o neurologista e geneticista David Schlesinger, do Hospital Albert Einstein