O escritor Ariano Suassuna, autor de livros como "O Auto da Compadecida" e "O Santo e a Porca", morreu nesta quarta-feira (23), aos 87 anos. Ele estava internado desde a noite de segunda-feira no Real Hospital Português de Recife, após sofrer um AVC hemorrágico. Ainda não há informações sobre o velório e o enterro do escritor.
O estado de saúde de Suassuna, que estava em coma e respirando com ajuda de aparelhos, teve um piora na noite de terça com queda da pressão arterial e pressão intracraniana muito elevada. Ele deu entrada na instituição às 20h de segunda com sangramento no cérebro e foi atendido também pelo médico da família que o acompanha há anos.
Na manhã de terça, o hospital divulgou boletim médico informando que o escritor foi submetido a uma cirurgia neurológica às pressas. "O quadro clínico é considerado grave, mas estável. Ariano foi submetido, na noite desta última segunda-feira, a um procedimento cirúrgico com colocação de dois drenos para controlar a pressão intracraniana, provocada por um AVC hemorrágico. Não há previsão de alta da UTI", dizia o boletim médico do hospital.
Em agosto do ano passado, Suassuna sofreu um infarto agudo do miocárdio e, semanas depois, foi internado com um quadro de aneurisma cerebral.
Suassuna é o terceiro integrante da Academia Brasileira de Letras a morrer em três semanas. No dia 3 de julho foi Ivan Junqueira e no dia 18, João Ubaldo Ribeiro. Apesar de não integrar o órgão, o escritor Rubem Alves morreu no dia 19.
HISTÓRICO
Teatrólogo e romancista, Ariano Vilar Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, mas mudou-se para Recife em 1942. Formado em direito e em filosofia, publicou sua primeira peça teatral, "Uma Mulher Vestido de Sol", aos 20 anos.
Entre 1952 e 1956, Suassuna dedicou-se à advocacia, sem abandonar a atividade teatral. São desta época "O Castigo da Soberba" (1953), "O Rico Avarento" (1954) e "O Auto da Compadecida" (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
Membro da ABL (Academia Brasileira de Letras) desde 1989 como sexto ocupante da cadeira nº 32 e doutor honoris causa da Faculdade Federal do Rio Grande do Norte, Ariano é fundador do Teatro Popular do Nordeste e do Movimento de Cultura Popular, além de idealizador do Movimento Armorial. Ele exerceu, entre outros cargos públicos, o de secretário de Cultura de Pernambuco, durante o terceiro governo de Miguel Arraes.