Sistema de trânsito que será implantado em São Paulo enfrentou problemas no interior na década de 1990
O sistema de trânsito que coloca veículos em uma única mão de direção e que circunda uma região específica, chamado rótula, que começará a ser implantado em São Paulo, na segunda-feira (6), para ônibus, no centro, teve uma experiência que começou com problemas que pareciam não ter fim, mas que foram superados após três meses, em Campinas (93 km de São Paulo), em 1996. O dono da ideia foi o então secretário municipal deTransportes da cidade e atual secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes.
Segundo Fernandes, houve um estudo de ao menos três anos para que o sistema fosse implantado. Na capital, as avaliações começaram no começo deste ano.
O primeiro dia foi muito difícil porque o sistema é muito complexo. Os motoristas não sabiam usar o rótula. Eles iam numa mão de direção e depois não sabiam voltar. [Isso ocorreu] Porque não fizeram lição de casa. Um dia antes convidamos os motoristas para andar pelo sistema e ver quais foram as mudanças. Muitos motoristas não foram", disse Fernandes.
Prefeitura de São Paulo pretende implantar segunda o primeiro trecho do sistema na região central da cidade que vai percorrer a praça João Mendes, avenida Rangel Pestana, viaduto Mercúrio, avenida Mercúrio, rua senador Queiroz, avenida Ipiranga, avenida São Luís, viaduto 9 de Julho e viaduto Maria Paula.
"A velocidade do ônibus vai aumentar 25%", disse o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.
Na ocasião, a Prefeitura de Campinas mudou o itinerário de 70% dos ônibus. Fernandes afirmou que foi uma das melhores experiências que viveu na vida profissional.
"Tínhamos avenidas que tinham os dois sentidos de direção. O que acontecia? A pista que ia para o centro estava lotada e a pista em direção ao bairro, ficava vazia. À tarde era o contrário. Estava evidente que se nós mudássemos a direção ou o sentido de uma das vias, ia dobrar a velocidade naquela direção e foi o que nós fizemos", afirmou o secretário.Aspecto positivo
De acordo com ele, um aspecto positivo é que ao circundar o centro com as avenidas em um sentido único tirou carros da região central.
"Criamos faixas para o transporte coletivo girar mais rápido. Então, os carros giravam, o transporte coletivo girava e tiramos a travessia do centro da cidade. Esses são os pontos positivos", disse Jurandir.
Pedestre
Fernandes afirmou que uma preocupação à época da implantação do sistema em Campinas foi o pedestre. "Tem de ter muito, mas muito cuidado com o pedestre na implantação porque mexe com o comportamento dele [pedestre] no cotidiano, ele vai esquecer de olhar para o outro lado."
"O pedestre está tão acostumado com aquela avenida, que ele corre o risco sério de ser atropelado. Ele continua atravessando olhando para o lado que estava acostumado."
Nos primeiros 15 dias, a Prefeitura de Campinas colocou até caixas de som avisando os pedestres sobre a abertura dos semáforos nas avenidas principais do rótula. "Três segundos antes de o sinal abrir com a mensagem. "Atenção pedestre, olhe para a sua direita, atenção pedestre, olhe para a esquerda. Nós sabíamos que se houvesse um atropelamento o projeto poderia ser fracassado", diz Jurandir.
Situação atual
Para o secretário de Transporte de Campinas, Sérgio Benassi, o rótula foi uma solução da realidade da época e com o tempo foi perdendo sua eficiência, por conta do desenvolvimento da cidade.
"Não pode pensar que uma situação de trânsito numa cidade seja perene. O rótula foi uma solução boa e enfrentou de forma completa a necessidade de circulação e que depois de anos trouxe novas situações ", disse.
De acordo com ele, depois de 15 anos os ônibus perderam velocidade de circulação.
"De cinco anos para cá, houve uma reformulação no sistema de transporte na cidade que acabou levando mais ônibus para dentro da circulação do rótula. E a cidade explodiu de carros. O rótula precisa de um corredor que seja exclusivo de ônibus para recuperar a velocidade e que circule apenas ônibus articulado e biarticulado é o que estamos o fazendo", disse.
VEJA COMO SERÁ O SISTEMA RÓTULA CENTRAL EM SÃO PAULO