Ao menos 60 cidades do país irão realizar protestos nesta sexta-feira (21), após manifestações levarem mais de 1 milhão de pessoas às ruas na noite de ontem em 388 cidades. A capital de São Paulo terá um ato contra a 'cura gay', projeto aprovado pelo pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A maioria dos protestos acontece em cidades do interior. Por enquanto, as capitais com eventos marcados para hoje são Aracaju, Fortaleza, Florianópolis, São Paulo, Teresina e Curitiba.
A onda de manifestações de ontem foi a mais violenta desde o início dos protestos: em Brasília um grupo tentou entrar no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, e depois depredou o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. No Rio de Janeiro, em Salvador, Belém, Campinas, Porto Alegre e Fortaleza, também houve confronto de manifestantes com a polícia. Em Ribeirão Preto (SP), um manifestante morreu e outros três foram atropelados por um homem que fugiu após o fato.
Em Brasília, os choques deixaram 137 pessoas feridas, três delas em estado grave. No Rio de Janeiro, mais de 60 pessoas ficaram feridas.
A presidente Dilma Rousseff convocou para a manhã desta sexta-feira uma reunião de emergência com ministros mais próximos, entre eles José Eduardo Cardozo (Justiça), para fazer uma avaliação das manifestações realizadas no país.
A reportagem também apurou que a Fifa deu um ultimato ao governo brasileiro, após protestos interferirem no acesso de torcedores e comitivas aos estádios: ou as autoridades nacionais garantem a segurança da Copa das Confederações, ou irá cancelar a realização do evento.
Além do pedido de mais qualidade e tarifas mais baixas no transporte público, tema que originou a onda de protestos, as "bandeiras" dos manifestantes agora reúnem uma série de outros motes: o uso de dinheiro público em obras da Copa do Mundo, melhorias nas áreas de saúde, educação e segurança, combate à corrupção, contra PECs, além de outras questões e insatisfação generalizada contra governantes.
PECs da 'corrupção'
A PEC 33 prevê que algumas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sejam submetidas ao crivo do Congresso. A proposta foi aprovada em abril pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. A tramitação do projeto foi interrompida depois de pedido de liminar dos partidos PSDB e PPS. O caso está nas mãos do ministro Dias Toffoli para decidir sobre a sua legitimidade.
Pela PEC, o Congresso teria de aprovar as chamadas súmulas vinculantes do STF, mecanismo que determina que as decisões da Corte devam ser seguidas pelas demais instâncias.
Já a PEC 37 retira o poder de investigação criminal do MP (Ministério Público), restringindo a atribuição às polícias Civil e Federal, com exceção de casos nos quais houver risco de comprometimento da apuração policial. Representantes do MP dizem que o projeto oferece riscos para o combate à corrupção.
O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou nesta quinta-feira (20) que a votação da proposta foi adiada e que o grupo de trabalho deve reunir-se na terça-feira (25) para definir o texto e uma nova data